quarta-feira, 8 de junho de 2011

Madalena XXI


Histórias e lendas que vão ficando na memória do Homem e eis uma vem em meu encontro.
Maria Madalena e os (não) pecadores.
Com toda a analogia possível e impossível a semelhança está na ironia do tempo, dos pedaços de vivência. Leva-me a crer que tudo é um ciclo renovado de novos corpos em velhos ensinamentos! Chega a ser corriqueiro, mas repleto de razão, e, certamente, tendemos a desvalorizar. Somos ignorantes então.
Quantas vezes não ouvimos os nossos avós ou pais a dizer:
"Eu não te avisei?"
"Eu não te disse?".
Interessante é tentar (ganhar) tempo e pensar na preciosidade destes mandamentos terrenos que passam de geração em geração.
Mas o que me traz são outras procuras e, antes de mais, tenho de acrescentar um pequeno detalhe: não que seja católica ou siga outra escola religiosa (tenho de admitir), mas não deixo de considerar interessante este pormenor da vossa bíblia...

"Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra"

E aqui duas histórias encontram-se, tal como muitas outras, é certo, mas esta é minha, e Madalena bíblica toma corpo e forma de uma pessoa normal (não mencionada nem conhecida), eu. Maria Madalena é apedrejada no meio de uma praça aberta como se de um troféu tratasse e, antes de tudo, as minhas pedras são uma metáfora para actos descabidos de moral.

Atiraste a primeira, a segunda e esperaste... Não ouviste o "chamamento" do teu Deus, de tal forma que esperaste para me acertar com a terceira e a quarta até ficares totalmente saciado/a. Coloca-te em frente a um espelho e indubitavelmente olha, repara e tenta (se conseguires) ver que no fundo és igual ou pior que esse alguém que acertaste sem nunca te questionares...
Contudo, há uma pequena subtileza, entre os nossos seres, e reside no:
- não te condenar, 
- não te julgar, 
- não te identificar com esse rótulo estereotipado que fizeste questão de marcar entre os meus olhos.
Eu foco-me no que está ali, bem à frente (mesmo com esse papel estampado na minha testa... irrita-me, faz-me impressão, mas vivo com isso...). Eu rio com ele, eu vivo com ele.
És menos do que suponhas ser, disso não restam quaisquer dúvidas... E eu, eu não te rotulo nem te apedrejo (alma perdida)...
Tenho em mim um campo visual de 360º que me faz ver e aceitar o que tu não queres sequer perceber.
És carne despojada neste mundo inerte que não precisa de ti...
Mera sombra, quem te encantou esses sonhos? Quem te colocou uma nuvem debaixo desses pés em detrimento da terra batida?
Esses caminhos que calças, já há muito foram trilhados... Deram asas a muitos filósofos e pensadores. No fim prevalece "O que distingue o certo do errado?", "Quem és tu?".
Lidas de forma revolta porque és menos do que julgas ser, e lá no fundo, o teu (in)consciente acerta-te incessantemente com a besta, setas que te rasgam a razão!
Preocupo-me, por isso experimenta reduzir-te ao mínimo (de que tentas fugir), deixa-te aí ficar e por momentos vais precisar de quem já lá esteve e hoje compreende...
Conseguirás levantar-te?

Ajeihad

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