segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Vive



"Desligar o cérebro e gozar a vida exclusivamente pelos sentidos. Não pensar, não lembrar, não racionalizar, não analisar, só sentir, sonhar, rir, numa palavra, viver!"

(Margarida Rebelo Pinto)

Nunca um parágrafo fez tanto sentido! Viver... Somente viver!

Ajeihad

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Procuro




Procuro sem encontrar... 
Hoje olho através da janela do meu quarto e não consigo encarar o dia que me enfrenta olhos nos olhos como um touro enraivecido. As folhas balançam ao sabor do vento. Amarelos e vermelhos do outono misturam-se numa sintonia primorosa e eu simplesmente não me enquadro neste momento memorial. 
Hoje tudo em mim é dor...
Vejo com pesar o movimento dos pássaros que esvoaçam de galho em galho, da folhagem solta que percorre aquele caminho invisível, como o trajecto de uma montanha russa se tratasse. Os campos castanhos, lá em baixo, esperam o agricultor para os semear... Ideias soltas, mas tudo unido numa perfeição natural. 
O meu olhar assenta sobre essas pequenas folhas que vão insistindo em permanecer pelo ar, como se elas próprias exalassem a esperança de não cair e enfraquecer no chão húmido das chuvas. Elas caem, inevitavelmente caem, evocando  uma simples  metáfora através dos tempos. Os nossos dias são breves, tal como os das pequenas folhas que já não voam. Os céus cinzentos e o sofrimento das árvores despidas... É um viver em constante transformação.
Procuro sem ver o dia em que conseguirei reencontrar cores dentro de mim...

"Somethimes the pain is just too much
And it hurts like hell
That's the way it feels ..."

Ajeihad

domingo, 7 de novembro de 2010

Amanhã

  

Já chega. Estou cansada e retornar novamente a esse lugar não ajuda. Faz gastar energias necessárias para conseguir sobreviver ao agreste dia a dia. Já chega. Deixei de acreditar. Não é aconchego, é deixar-me ligar novamente a memórias que não passam de telas manchadas por um pintor dominado pela ira.  Ele pintou-me e naquele quadro a óleo encontro-me desmantelada. Tons escuros contrastam com pequenos focos avermelhados. Num vislumbre ali jaz uma parte de mim que já não volta nem acredita.  O resto encontra-se num estado total vegetativo. Acabou.  Até o pintor teve visão.
Já chega. Vou trilhar por essa vida fora como se houvesse uma esperança num amanhã diferente. Ontem foi um futuro de um passado. Amanhã será o futuro de hoje. Por isso, vou. Deixaste-me ir e eu vou. Não olharei mais para trás, nem ouvirei mentalmente e vezes sem conta aquelas últimas palavras. Têm sabor desagradável. Já chega. Elas tocam-me. Eu sinto-as na pele, como senti a insensibilidade do teu olhar revolto com o questionável (para mim). 
Hoje sou uma mera projecção do artista. Ele pintou-me cansada. Vou dormir e fazer do quadro um pesadelo passível de ser esquecido. Talvez o rasgue, ou guarde numa caixa no fundo do sótão (só para ganhar pó), ou, talvez... Talvez o queime.

Ajeihad

I know

"I know i'll never see you
I know i'll never run into your body walking through the crooked streets
I know i'll never hear you
I know i'll never hear you like a sound that wafts inside from outside there
I know that if i waited i know that if i wait a thousand days will lie wasted with thoughts of you
My love i've pictured this:
Your violet eyelids opened to say "here's where you've been"
Your lips open to say "my darling it's been so very long and i'm in pain"
I know i'll never feel you
I know i'll never get so close to you that i can't smell anything else
I know i'll never see you
I know that where you go i'll still be far from where you are
My love i've pictured this:
Your violet eyelids opened to say "here's where you've been"
Your lips open to say "my darling it's been so very long and i'm in pain" sometimes i picture all your fingers
Sometimes they're crawling down my spine
Sometimes they're buttoning your jacket
Sometimes you're far but you're still mine
I know that it is raining
And i know that the rain will soak you through
And leave you like the tattered sky
I know i go in circles
I know that window panes bring only rain and not your face
Sometimes i picture all your fingers
Sometimes they're crawling down my spine
Sometimes they're buttoning your jacket
Sometimes you're far but you're still mine
I know that it is raining and
I know that the rain will soak you through and leave you like the tattered sky
I know i go in circles
I know that window panes bring only rain and not your face"

(Trespassers William)

Ajeihad

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Chuva & Sol




Existem alturas que julgamos determinado o nosso trilho, que é isso mesmo, que desta vez acertamos.  Quantas vezes não temos a mesma sensação? Mas estamos tão longe da verdade, mais uma vez... Sentimos na pele que infelizmente a nossa certeza é, e sempre será, concebida até certa e determinada altura.
Esta é a nossa demanda.  A única certeza são os sonhos, que vêm para a preencher. Vêm de noite, de mansinho... Estão para nós, como um gelado está para uma criança gulosa em dia quente de Verão. Acordamos e o dia está chuvoso e escuro.  Não que eu desgoste de dias chuvosos, aliás eu gosto desses dias! Ficar do lado seco da janela e ver aquelas pequenas gotas que nos tentam agredir, mas sem sucesso. Há algo de místico e mágico. Mas dias chuvosos estão para nós como um pesadelo. Se nos atormentam por tempo demasiado, acabam por nos assustar e tornar  demasiado débeis e melancólicos... Porque para nós, dias escuros de chuva são como trevas que nos enevoam os olhos e alma...
Dias de sol são como uma lufada de ar fresco depois da tempestade. Permitem-nos fechar os olhos, abrir a janela e saltar através dela. As sensações de liberdade e alívio acompanham o novo dia solarengo e cheio de luz. Fechamos os olhos com a cara a apontar aos altos céus e apreciamos aquele momento como se fosse o último.
É um ciclo. Quantas e quantas vezes já nos sentimos perdidos e deslocados durante a nossa existência? Quantas e quantas vezes encontramos esse sol morno que nos aqueceu a cara?
Por mais que caminhemos tendemos para um inicio renovado de tristezas, desilusões, alegrias e sorrisos. É a nossa condição enquanto seres racionais que desenvolveram esta capacidade  de sentir.
Por agora quero findar e fechar! Despedir-me deste ciclo! Quero a outra metade. Quero sorrir! Quero o sol, o céu azul, as nuvens brancas! O vento suave que passa e me acaricia e arrepia. Aquele que me dá alento pelo novo dia que começa!

Ajeihad