quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Principezinho



"- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas calam-se. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...
- Que queres dizer?
- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei a rir, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir! E quando te tiveres consolado (a gente consola-se sempre), tu sentir-te-às contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo. E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto... E os teus amigos ficarão espantados por te ouvir rir olhando para o céu. Tu explicarás então: "Sim, as estrelas, elas  fazem-me sempre rir!" E eles julgar-te-ão maluco....
E riu de novo.
- Será como se eu te tivesse dado, em vez de estrelas, montões de guizos que riem..."
( Antoine De Saint-Exupéry )

A vós, meus amigos, que são as minhas estrelas! Por vezes a minha vista não vos alcança, mas sei que estão sempre lá!

Ajeihad

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O coração escolhe



Finalmente, palavras soltas de significado para expressar o que tanto a alma anseia libertar... Depois de crescimento e amadurecimento amargo, o coração coage com o meramente racional. Perdeu forças que o ligavam à vida, à paixão, à entrega... Ele não sente... Hoje é um músculo emotivo meramente racional. Olha num sentido em clockwise apontado pelos ponteiros do relógio do dia a dia e com eles conta as horas, os minutos e os segundos cheios de um vazio arrogante e esgotante que o faz bater em assincronismo.
Será que me farei entender? Ele quer sair dessa roda mecânica e tão pouco viva... Ele tem uma escolha, mas não escolhe, deixa-se levar no emaranhado das teias da vida. Sobrevive, fraco de lutar, sobrevive e não consegue voltar. Ele tenta, com todas as suas fibras musculares cardíacas, mas está para além delas, para além da sua vontade, para além dele...
No fundo percebe que é chegada a hora... Que tem uma escolha. O ponteiro maior indicou-lhe uma brecha naquele vidro duro, claustrofóbico e em surdina vai-lhe comunicando coisas que só ele sabe...
O coração, tal e qual como eu, temos uma opção, apenas uma... Uma última, antes das aurículas cerrarem de vez e as veias ficarem completamente desertas...

Sabes qual a tua? A minha eu sei, conheço-a mesmo antes de tentar pôr em letras que compõem um todo. Sinto-a, por isso a sigo... Está escrita no meu ADN, no meu jeito de andar, em tudo aquilo que tento e ouso ser. Já me esqueci por demasiado. Do meu lado, ela está tomada e com toda a noção clara de consequências e futuros juízos.
Tens uma escolha. Eu escolho-te a ti (ou o que resta)... A lição, a moral, ou deverei dizer antes: a "desmoral"?
Fizemos tudo do avesso, sempre de costas voltadas um para o outro. Quisemo-nos como dois amantes sedentos de paixão, amor, loucura, mas o teu mundo era tão e tão (só) teu que lá algures pelo ano 2000 e troca o passo deixaste-me sem telha, sem telhado, sem o conforto da tua moradia. Fui uma sem abrigo na tua vida (na minha, e nossa)...
Fizemos tudo do avesso, sempre um contra o outro!
Bati à tua porta uma, duas, três, quatro (inúmeras) vezes e fiquei praticamente sempre fora de ti. Não me deixaste entrar, o teu inconsciente não o permitiu... Como me disseste um dia "Eu sou o resultado de um investimento daquilo que lutei ser e não vou mudar..." - ou algo semelhante ...  O recordar é tão pesado que já não me sei estender mais por aqui.
O que sei, hoje e somente hoje, é que houve um tempo que investiste. Mas eu estava perdida algures por ruas e calçadas rotas e sujas pelo tempo impróprio (para amar) que se tinha proliferado até então.
Perdida, cega, magoada não vi (ou não quis) e protegi-me. Como uma menina de 5 anos assustada com a tempestade e todos os raios luminosos e ruidosos protegi-me contra ti, contra o tempo que ousava tornar a raiar... Um novo dia? Era como se tivesse rodeada por um invólucro que não deixava apreciar o novo dia, o sol, as nuvens brancas, o céu azul...
Sei também que a tua percepção não é assim. Talvez tenhas sido mais terra a terra e no fundo o que vale são os factos e o ocultar de registos (que preferi abafar, tentando-te proteger)... Nunca somos suficientemente inteligentes quando estamos numa situação que não sabemos resolver! Com isso perdeu-se o fio de sol que me acariciava. Como ele me faz falta...
Não condeno, não faço juízos. Simplesmente aceito e percebo.
A minha realidade / verdade é esta. Antes de mais tive medo e por isso me questiono:
Porque me deixaste à chuva durante tanto tempo?  
Padeci com resignação e paciência (não quero sequer recordar), e por isso perdi-me... Inevitavelmente ainda me assombra, agora mesmo, neste exacto momento. Nunca compreendi, nunca soube porque é que alguém que, nos toca assim tão repentinamente e nos agarra, é capaz de nos fazer sentir tão miseráveis, tão frágeis, tão... sós...?! No fundo, faltou comunicar-te, assim, desta maneira e única que sei. Independentemente de quereres ou não saber, de quereres ou não ler, de quereres ou não...
Afastei-me e foi aí, apenas aí que me tentaste alcançar. Eu já não sabia se podia confiar, se podia acreditar... Porque não me deste essa mão antes? Afastei-me e viraste costas... Recordo uma mensagem escrita, enviada por telemóvel (facilidades deste século que acaba por nos separar ainda mais) em que dizias "Pensa nisso...". Nunca compreendeste, naquela altura era a tua vez de tentar abrir a porta... Em vez disso tornamo-nos completamente desconhecidos ao ponto de passares e eu ser uma estranha... O meu mundo desabou e aí sim virei-me contra ti, apesar de viveres acorrentado (em mim)... E continuas aqui, bem junto daquele que tu e eu conhecemos... Não sou isso o que pensas hoje... Continuo a ser quem tu tão bem conheces, mas não vês... Cegaste no teu orgulho...
Vieram tempos difíceis, decisões incrivelmente mudas e de completo contra-senso. Foste tu, sempre tu e mais ninguém que esteve comigo... Independentemente de tudo o que foi feito (ou desfeito)... Tu e tu, somente tu...
"O pior cego é aquele que não quer ver", e eu não vi...
Como te queria...
Volto a recordar o teu toque, o teu olhar, o teu sorriso, o teu abraço, o teu beijo, sabendo que não passa apenas disso: mais uma vez, o meu querer. Um devaneio!
Sonho, tendo uma esperança não alimentada (de fonte desconhecida) que amanhã (um dia) me voltarás a olhar nos olhos...
"Porquê?"...

Foi preciso tempo para amadurecer e crescer...

Ajeihad

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Madalena XXI


Histórias e lendas que vão ficando na memória do Homem e eis uma vem em meu encontro.
Maria Madalena e os (não) pecadores.
Com toda a analogia possível e impossível a semelhança está na ironia do tempo, dos pedaços de vivência. Leva-me a crer que tudo é um ciclo renovado de novos corpos em velhos ensinamentos! Chega a ser corriqueiro, mas repleto de razão, e, certamente, tendemos a desvalorizar. Somos ignorantes então.
Quantas vezes não ouvimos os nossos avós ou pais a dizer:
"Eu não te avisei?"
"Eu não te disse?".
Interessante é tentar (ganhar) tempo e pensar na preciosidade destes mandamentos terrenos que passam de geração em geração.
Mas o que me traz são outras procuras e, antes de mais, tenho de acrescentar um pequeno detalhe: não que seja católica ou siga outra escola religiosa (tenho de admitir), mas não deixo de considerar interessante este pormenor da vossa bíblia...

"Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra"

E aqui duas histórias encontram-se, tal como muitas outras, é certo, mas esta é minha, e Madalena bíblica toma corpo e forma de uma pessoa normal (não mencionada nem conhecida), eu. Maria Madalena é apedrejada no meio de uma praça aberta como se de um troféu tratasse e, antes de tudo, as minhas pedras são uma metáfora para actos descabidos de moral.

Atiraste a primeira, a segunda e esperaste... Não ouviste o "chamamento" do teu Deus, de tal forma que esperaste para me acertar com a terceira e a quarta até ficares totalmente saciado/a. Coloca-te em frente a um espelho e indubitavelmente olha, repara e tenta (se conseguires) ver que no fundo és igual ou pior que esse alguém que acertaste sem nunca te questionares...
Contudo, há uma pequena subtileza, entre os nossos seres, e reside no:
- não te condenar, 
- não te julgar, 
- não te identificar com esse rótulo estereotipado que fizeste questão de marcar entre os meus olhos.
Eu foco-me no que está ali, bem à frente (mesmo com esse papel estampado na minha testa... irrita-me, faz-me impressão, mas vivo com isso...). Eu rio com ele, eu vivo com ele.
És menos do que suponhas ser, disso não restam quaisquer dúvidas... E eu, eu não te rotulo nem te apedrejo (alma perdida)...
Tenho em mim um campo visual de 360º que me faz ver e aceitar o que tu não queres sequer perceber.
És carne despojada neste mundo inerte que não precisa de ti...
Mera sombra, quem te encantou esses sonhos? Quem te colocou uma nuvem debaixo desses pés em detrimento da terra batida?
Esses caminhos que calças, já há muito foram trilhados... Deram asas a muitos filósofos e pensadores. No fim prevalece "O que distingue o certo do errado?", "Quem és tu?".
Lidas de forma revolta porque és menos do que julgas ser, e lá no fundo, o teu (in)consciente acerta-te incessantemente com a besta, setas que te rasgam a razão!
Preocupo-me, por isso experimenta reduzir-te ao mínimo (de que tentas fugir), deixa-te aí ficar e por momentos vais precisar de quem já lá esteve e hoje compreende...
Conseguirás levantar-te?

Ajeihad