segunda-feira, 19 de julho de 2010

Redondo...

Amargura...
Frustração...
Negação...

Os despojos do mundo incrustados numa só alma. Num só espírito que ontem via o que julgava a certeza de uma eternidade.

Hoje vive essa ferida só dela, aberta ao desacato da perdição. A condenação eterna ri-se e ela esconde-lhe a cara para não mostrar o mar que a percorre. Não tardasse a noite a chegar, o seu único aconchego, a sua criança, a sua única amiga, ela viveria a sua dor longe do olhar amargurado da vida... À luz, que a queima, é só uma mera alma perdida no meio de milhares de outras que a faz banhar nesse mar salgado sempre que se pergunta...

"O que correu mal?
Porque te foste?
Onde estás?
Porque não voltas?
Porque não me amaste como antes?"

Ela só queria ser amada como sempre. Ela não sabe! Ela não compreende! Ela não pediu a ferida nem a negação! Ela questiona-se mais uma vez todas aquelas perguntas já construídas quase em redondilha, numa sequência já interiorizada...

"O que correu mal?
Porque te foste?
Onde estás?
Porque não voltas?
Porque não me amaste como antes?"

Em desacato com o mundo, ela grita mas não a ouves! As almas já não se tocam? Como se ela está ligada a ti como uma raiz se incrusta na terra? Fechaste a porta e deixaste-a do lado de fora... Sozinha... No meio de tantas outras almas que procuram as suas respostas à luz da noite incerta... Ela é  só uma criança que ainda vê o mundo com olhos de inocência bela. Como a noite que a acolhe agora... 

Ela não entende e ela pergunta-se porque só queria ser amada.

Confunde-se então com a escuridão sua amiga. Ela é um buraco negro, em toda a sua existência, em que o tempo parou sem qualquer piedade... 
Viveu! É uma criança abandonada que já não vive! O negro sugou toda aquela vida que a vestia e então ela banha-se no seu escuro mar tentando encontrar-te...

Ela só queria ser amada por ti.

Ajeihad

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