"O que é que foi? O que é que tens? O que que se passa? O que é que te dói?"
Foi o dito por não dito, o feito por não feito. Tenho um pesar neste corpo que já não responde como antes. Sou como uma marioneta em dia de teatro. Alguém mexe o meu corpo por mim e eu concentro-me no público sem pestanejar, sem que os traços do meu rosto expressem qualquer tipo de emoção. Mas a marioneta ri, chora, vive freneticamente o seu espectáculo! Só que é o manobrador quem por ela vive...
Dói este pesar e mais uma vez, dói esta ausência que teima em ficar. Alojou-se em mim, encrostou-se e ficou agarrada quem nem lapa. Não sei e eu não tenho coragem de arrancar. Sangraria e jorraria sangue vermelho vivo. Não, não quero voltar à ferida aberta. Por agora está controlada, mas funciona como um foco de infecção que por vezes não consegue subsistir às drogas.
Em ti há qualquer coisa que me prende e sem explicação lógica possível de concretizar, de materializar. Os meus sentidos dominam esta vontade que não se rende ao racional do meu ser. És um ópio, um vício! E todos os vícios têm um fim! Só é necessária a força de vontade...
Mas sabes? Por agora não importa mais a verdade desta vontade. Por agora vive este fado de insensatez, de incoerência, mas um dia voltarei e deixarei ser marioneta de teatro. Ficarei melhor ainda.
Não te recordo, não te lembro, não formulo a tua imagem no meu pensamento... Sinto-te tão perto que quase te toco... E o teu perfume? Esse não me larga...
Ajeihad
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